“Aquecimento global” — opinião de abalizado especialista refuta alarmismo climático
Prof. Molion
“Tal como as “previsões” do IPCC, os resultados publicados pelo PBMC não
merecem credibilidade alguma e os produtores rurais podem dormir
tranquilos”
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Recentemente foi publicado o 5° Relatório/2013 (AR5) do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas
(IPCC). Repleto de informações incoerentes, tal relatório é louvado por
adeptos da “ideologia verde”, mas severamente criticado por cientistas
sérios que não seguem a onda “politicamente correta”.
Um desses cientistas é o Prof. Luiz Carlos Molion. PHD em Meteorologia e
professor de Climatologia e Mudanças Climáticas da Universidade Federal
de Alagoas (UFAL), em Maceió — onde também dirige o Instituto de
Ciências Atmosféricas (ICAT). Formado em Física pela USP, com doutorado
em Meteorologia pela Universidade de Wisconsin (EUA) e pós-doutorado na
Inglaterra. Ex-diretor e pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (INPE).
Em entrevista obtida por Nelson Ramos Barretto, correspondente de Catolicismo
na capital federal, o ilustre climatólogo e professor da UFAL aponta
inconsistências, e até mesmo fraudes científicas, nas teses defendidas
sobre o tão propalado “aquecimento global”.
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Catolicismo —
A cada seis anos o IPCC, principal divulgador de “Mudanças Climáticas
do Planeta”, publica um Relatório feito por centenas de cientistas,
políticos e ambientalistas. O mais recente, o 5º Relatório de 2013,
atendeu às expectativas?
Prof. Molion—O 5° Relatório
(AR5) do IPCC, lançado em final de setembro, ficou muito abaixo das
expectativas. É confuso, obscuro e continua insistindo em que a
temperatura tem aumentado e em que há 95% de certeza de que esse aumento
seja provocado por atividades humanas. Os dados observados, porém,
mostram que a temperatura média global está estável ou até em ligeiro
declínio há 16 anos — o que vem sendo chamado de “hiato do clima” —
enquanto a concentração de CO2 aumentou em 10% no mesmo período.
Isso levou o Prof. Richard Lindzen, do Massachussetts Institute of Technology (MIT), EUA — um dos mais respeitados meteorologistas do mundo — a afirmar que “o
AR5 desceu ao nível de incoerência hilariante e que é surpreendente as
‘contorções’ que o IPCC tem feito para manter as mudanças climáticas na
agenda internacional”. No AR5, o IPCC faz projeções ainda mais
catastróficas para o clima global, como aumento de temperatura média
global de até 6 °C e aumento do nível do mar de até 98 cm para o ano
2100.
Catolicismo —O que aconteceu com as previsões de aumento da temperatura do Planeta?
Para o IPCC, até as erupções vulcânicas teriam absorvido o excesso de calor, provocando
o esfriamento de muitas regiões do planeta
“O Painel Intergovernamental não sabe explicar por que a Antártica
registrou um recorde de cobertura de gelo nesse período [set-2012 a
set-2013]”
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Prof. Molion— De acordo com
as previsões feitas já no Primeiro Relatório (FAR) do IPCC em 1990, a
temperatura global já deveria estar cerca de 1°C acima do que se
registra hoje. Os relatórios subsequentes também superestimaram as
previsões.
A temperatura tem-se mantido estável e o IPCC tem tentado explicar esse
“hiato” com argumentos não comprovados, como o de que o excesso de
calor teria sido absorvido pelos oceanos, mudanças no ciclo solar,
erupções vulcânicas causando resfriamento, dentre outros. Chegam até a
confessar que “alguns modelos podem estar superestimando a intensificação do efeito-estufa e o aquecimento”.
Modelos de clima não reproduzem a variabilidade natural do clima por
não representarem adequadamente os processos físicos que controlam o
clima global, se utilizam de cenários futuros que são fictícios, ou
seja, feitos pela mente humana, e, portanto, seus resultados, suas
“previsões”, são meros exercícios acadêmicos que não se prestam para o
planejamento das atividades humanas a longo prazo.
Modelos nunca foram validados. Os resultados publicados no Relatório de Avaliação Nacional n°1 (RAN 1), do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas
(PBMC), também são catastróficos e afirmam, por exemplo, que a
temperatura dos Cerrados, um dos celeiros do mundo, vai aumentar de 5°C e
a precipitação pluviométrica decrescer de 35% no verão a partir de
2041, enquanto na Região Sul a temperatura e a precipitação vão aumentar
de 3°C e 35% respectivamente, no inverno, a partir de 2071. Tal como as
“previsões” do IPCC, os resultados publicados pelo PBMC não merecem
credibilidade alguma e os produtores rurais podem dormir tranquilos.
Catolicismo —Em 2007 foi feita uma previsão de que o Ártico estaria sem gelo em setembro de 2013? O que ocorreu?
Prof. Molion— Em setembro de
2012, o Ártico registrou o maior degelo na era dos satélites — que
começaram a coletar dados operacionalmente a partir de 1979 — uma área
de 2,8 milhões de km2. Em setembro de 2013, porém, o degelo foi de apenas 1,2 milhões de km2, ou seja, uma “recuperação” de 1,6 milhões de km2
em um ano, que o IPCC não sabe explicar, como também não explica por
que a Antártica registrou um recorde de cobertura de gelo nesse período.
“A pior seca que ocorreu no Nordeste foi em 1877-79. Eventos extremos já
ocorreram no passado, e não se pode confundir intensidade com
vulnerabilidade”
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Uma possível explicação está no Ciclo Nodal Lunar, também conhecido
como Ciclo Saros, que é um ciclo de 18,6 anos de duração e é
caracterizado pela variação do ângulo que o plano da órbita lunar faz
com relação ao equador terrestre. Quando a Lua está no máximo desse
ciclo (28,6° de inclinação), como em 2007, ela puxa gravitacionalmente a
superfície dos oceanos fora dos trópicos.
Isso cria um desnível hidráulico entre os oceanos subtropicais e os
polares, aumenta a velocidade das correntes marinhas que transportam
mais calor dos trópicos para os polos. A água mais aquecida das
correntes marinhas entra por debaixo do gelo flutuante, derrete
parcialmente a parte submersa que não consegue mais suportar o peso da
parte aérea, e esta colapsa, desmorona, como pode ser observado nos
clipes que estão na internet. Portanto, o degelo no Ártico é natural,
provocado pelo maior transporte de calor pelas correntes marinhas, e já
ocorreu várias vezes no passado, quando as atividades humanas
praticamente não lançavam carbono na atmosfera.
O exemplo é a nota publicada na revista científica Monthly Weather Review
de novembro de 1922 (note, 1922!), que relata o degelo do Ártico
naquela época, incluindo dados de sondagens que mostravam as correntes
marinhas mais aquecidas até 3.100 m de profundidade.
Catolicismo —E uma subida catastrófica das águas do mar?
Prof. Molion— No AR 5, o
IPCC afirma que o nível do mar subiu 19 cm nestes últimos 110 anos e se
torna mais aterrorizador ao prever que o nível do mar vá subir de 98 cm
até 2100. O nível do mar vem subindo desde o término da última Era
Glacial, há cerca de 15 mil anos, quando se estima que estivesse a 120
metros abaixo do nível atual.
A subida rápida até oito mil anos atrás foi devida ao derretimento das
geleiras que cobriam os continentes. Há evidências históricas de que o
nível do mar já esteve mais elevado no passado recente. Durante o
período quente Romano, entre 500 a.C. e 300 d.C., a Cidade de Éfeso,
próxima à moderna
Selçuk, Província de Izmir, Turquia, tinha um movimentado porto que hoje se encontra 5 km distante da costa do Mediterrâneo.
Uma pintura da Batalha de Óstia em 849 d.C., atribuída a Rafael, [foto ao lado]
mostra que o nível do mar estava suficientemente alto naquele período
para os navios de guerra se agruparem na foz do Rio Tibre. Hoje, as
ruínas de Óstia estão a 3 km da foz do Tibre. O nível do mar é
influenciado por ciclos relativamente curtos, como, por exemplo, o Ciclo
Nodal Lunar de 18,6 anos, comentado acima. No máximo desse ciclo, o
nível do mar fica, em média, 13 cm mais alto que em seu mínimo. Como o
máximo ocorreu em 2007, essa variação natural pode ter sido interpretada
como aumento causado pelo aquecimento global.
Esse ciclo, porém, está se dirigindo para um mínimo em 2026, e o nível
do mar deverá baixar nos próximos anos. Dados de sensores a bordo de
plataformas espaciais confirmam que o nível do mar começou a apresentar
um ligeiro decréscimo a partir do máximo lunar de 2007. Em resumo, o
nível do mar é impossível de ser medido com precisão de milímetros, como
afirma o IPCC, uma vez que, por exemplo, a crosta terrestre é formada
por placas tectônicas que possuem movimentos verticais — ora elevando,
ora afundando as réguas que o medem — e ondas oceânicas que, muitas
vezes, excedem 30 m de altura.
Catolicismo — Os eventos extremos mencionados em 2007, como os furacões?
Prof. Molion— Eventos
extremos, como tempestades severas, furacões, tufões, tornados e ondas
de calor, sempre ocorreram com o clima quente ou frio. São eventos de
tempo, e não de clima! O furacão mais violento, categoria F1, que entrou
nos EUA, foi em 1900, 114 anos atrás, quando o homem praticamente não
emitia carbono para a atmosfera.
De acordo com Dr. Pielke Jr., professor da Universidade do Colorado,
Boulder, EUA, a estação de furacões do Oceano Atlântico Norte de 2013,
que terminou no dia 30 de novembro, apresentou a menor frequência de
furacões dessas últimas três décadas. E já se passaram mais de três mil
dias desde que o último furacão de categoria F3 ocorreu, o Katrina, em
25 de agosto de 2005.
A pior onda de calor que se abateu sobre o Leste do EUA foi em 1896,
matando mais de três mil pessoas só em Nova York. A década com maior
frequência de tempestades com totais acima de 30 mm/dia em São Paulo foi
a década dos anos 1940, seguida pela dos anos 1950.
A pior seca que ocorreu no Nordeste do Brasil foi em 1877-79, descrita por Euclides da Cunha em Os Sertões,
publicado em 1902. Portanto, eventos extremos já ocorreram no passado, e
não se pode confundir intensidade do fenômeno com vulnerabilidade da
sociedade.
Nos dias de hoje, devido ao aumento populacional e à ocupação de áreas
de risco principalmente pela população mais carente, as tragédias são de
maiores proporções com fenômenos da mesma intensidade. A região serrana
do Rio de Janeiro foi palco de uma tragédia em janeiro de 2011, na qual
desapareceram cerca de mil pessoas. Não foi a primeira vez que isso
ocorreu. Em janeiro de 1967, evento extremo similar ceifou mais de 1.700
vidas na Serra das Araras. Deixa-se um alerta às autoridades de que há
grande probabilidade de o Rio de Janeiro voltar a sofrer outros eventos
semelhantes em magnitude nos próximos 10 a 15 anos. É imperativo, pois,
que a população seja removida de áreas de risco e a ocupação do espaço
urbano seja repensada.
Catolicismo — Afinal de contas, vai aquecer ou vai esfriar?
Prof. Molion— Embora os
modelos de clima prognostiquem um aquecimento global nos próximos 100
anos, não há absolutamente evidência concreta ou mesmo indício algum de
que isso ocorrerá. É inegável que houve um aquecimento entre 1976-1998,
mas foi por causas naturais e já terminou!
Desde 1999, o Pacífico vem dando mostras de resfriamento que deve durar até cerca de 2030
“Embora os modelos de clima prognostiquem um aquecimento global nos
próximos 100 anos, não há absolutamente evidência concreta ou mesmo
indício de que isso ocorrerá”
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A mais provável causa desse aquecimento foi a frequência muito alta de
eventos El Niño intensos. Como já foi comprovado, os eventos El Niño —
fenômeno caracterizado pelo aquecimento anômalo das águas do Oceano
Pacífico Tropical — liberam grande quantidade de calor na atmosfera e
aquecem o clima global. O Pacífico tem um ciclo de cerca de 60 anos, em
que apresenta alta frequência de El Niño durante 25-30 anos, seguida de
alta frequência de La Niña — o oposto do El Niño — nos 25-30 anos
subsequentes.
Desde 1999, o Pacífico vem dando mostras de resfriamento que deve durar
até cerca de 2030. Uma comprovação disso é que, desde 1999, a
temperatura tem permanecido relativamente estável e com um ligeiro
decréscimo nos últimos 10 anos, embora a concentração de CO2
tenha aumentado. A história mostra que a humanidade sempre floresceu
nos períodos quentes, o oposto sendo verdadeiro para os períodos frios.
Lamentavelmente, o clima está se esfriando e já se observam as
consequências desse novo resfriamento, decorrentes de invernos rigorosos
mais frequentes.
O inverno do Hemisfério Norte (dez-fev) de 1999/2000 foi tão intenso
que, na Inglaterra e no País de Gales, houve excesso de mortalidade de
pessoas com idade acima de 65 anos, um total superior a 45 mil mortes em
excesso quando comparado com o total dos outros nove meses do ano. No
inverno de 2012/2013, estima-se que morreram mais de 31 mil idosos em
excesso na mesma região.
Nos EUA, o inverno passado deixou os solos congelados por quatro
semanas a mais do normal nos estados produtores de grãos, mais ao Norte.
O plantio foi tardio e parte da produção foi perdida com as geadas
ocorridas no período outubro/novembro.
Em julho de 2013, o inverno no Hemisfério Sul (junho-agosto), a entrada
de uma massa de ar polar matou mais de 100 mil ovelhas no Uruguai,
dizimou 62% do café no Paraná e afetou outros cultivos de inverno, como
trigo e cevada. Mais de uma centena de cidades registraram queda de neve
nos estados da Região Sul, para gáudio dos moradores. Os principais
controladores do clima global, a fonte de energia, o Sol, e os oceanos
que cobrem 71% da superfície do planeta estão indicando que o clima vai
resfriar nos próximos 15-20 anos. Infelizmente, as autoridades
brasileiras estão indo na direção oposta.