Não é o fim do mundo
As previsões catastróficas do IPCC são baseadas em modelos que nunca foram validados, não conseguem reproduzir o clima passado
O propósito de uma ciência física como a do clima é descrever a natureza e entender os processos físicos que a governam. No lançamento do novo SPM (Sumário para os Formuladores de Políticas Públicas), o IPCC (Painel Intergovernamental de Mudança Climática) demonstrou não seguir esse princípio.
O IPCC já nasceu errado. Foi criado em 1988 com o objetivo de provar que o homem influencia o clima, e não o de entender as causas naturais de sua variabilidade.
O SPM usa linguagem obscura, difícil até para os seus destinatários, os formuladores de políticas. E é omisso em aspectos fundamentais, como a sensibilidade climática (SCE), que relaciona o aumento esperado da temperatura global à variação da concentração de dióxido de carbono atmosférico.
A nota de rodapé 16 (pág. 11) do sumário afirma que "a SCE não pode ser dada agora devido à falta de concordância de seus valores...". O que é falta de concordância em processo físicos naturais?
Os autores parecem confessar que não sabem qual fração do aquecimento observado deve ser atribuída ao homem nem quanto o clima se aquecerá com o aumento de dióxido de carbono.
No entanto, afirmam que mais da metade do aquecimento entre 1951 e 2010 foi causada pelo homem. Afirmam que o principal controlador do aquecimento é a emissão total de dióxido de carbono e que as simulações mostram uma tendência na temperatura média global que concorda com a tendência observada (95% de certeza).
Com tais afirmações, torna-se embaraçoso explicar o atual "hiato" climático, porque a temperatura global se manteve estável nos últimos 16 anos, embora o dióxido de carbono tenha aumentado 8% e os modelos tenham projetado aumentos superiores a 1°C. As explicações são vagas, sem evidências científicas.
A redução da tendência de aquecimento observada entre 1998 e 2012, afirmam os pesquisadores, pode ser causada pela variabilidade interna do clima, que inclui redistribuição de calor nos oceanos, e pela redução do "forçamento radiativo", gerado por erupções vulcânicas e pelo decréscimo da atividade solar. Ora, é óbvio que o clima é naturalmente variável e incerto. Erupções vulcânicas são apenas uma das causas.
O IPCC confunde o leitor quando afirma que existe 95% de certeza de que mudanças na radiância solar total não contribuíram para o aquecimento global, mas que a variabilidade do ciclo solar de 11 anos influencia as flutuações climáticas decadais, em algumas regiões. A causa pode ser, também, "a contribuição de forçamentos inadequados e, em alguns modelos, uma superestimativa de resposta ao aumento de gases de efeito-estufa e outras forçantes antropogênicas" (?).
Um dos temas do terrorismo climático continua a ser o nível do mar, que aumentou 19 centímetros nos últimos 110 anos e deverá subir mais 98 em 2100. As previsões catastróficas do IPCC são baseadas em resultados de modelos que nunca foram validados, ou seja, não conseguem reproduzir o clima passado.
Existem dados confiáveis desde 1880 e, se os modelos reproduzirem o clima entre aquele ano e o presente, se terá mais confiança no que estão prevendo para o futuro. Essa tentativa foi feita pelo Instituto Goddard para Estudos Espaciais (Giss/Nasa), em 2006, que produziu um elenco de erros básicos. Para citar um apenas, ao simular o clima da Amazônia, o modelo colocou 20% de redução de chuva a menos do que o observado no período 1880-2003.
O IPCC, na realidade, não faz "previsões", e sim projeções usando cenários de emissões futuras que são fictícios, fruto da imaginação do pesquisador, e possivelmente não se concretizarão. Baseado em cenários fictícios, utiliza modelos que não representam os processos físicos que governam o clima adequadamente. Qual é sua contribuição na formulação de políticas públicas que beneficiem a sociedade?